terça-feira, 12 de maio de 2009

Saudade em espanhol

Não sei porquê, mas hoje vieram-me à memória várias situações ou aspectos do dia-a-dia que vivi em Salamanca. Possas pá, nunca pensei ter tantas saudades! Sei que corro o risco de parecer repetitivo ou de me estar a contradizer pois já tinha escrito algo semelhante acerca da Covilhã enquanto estava em Espanha. Mas eu sou mesmo assim, não há volta a dar. Por isso, nem que seja para eu mais tarde recordar, aqui fica uma lista de coisas que me marcaram:


·Acordar numa cama minúscula daquelas que se fecham dentro de um armário, abrir uma persiana de uma micro-janela que tem vista para a parede
·Ter a mesa com o desayuno sempre posta com tudo e mais alguma coisa e comer com vista para a catedral
·Ir a pé para a universidade às 8 da manhã com -4ºC/0ºC
·Comprar um capuccino de máquina em copos de papel a 40 cêntimos
·Esperar pelos professores na sala e quando estes chegam vêm sempre bem dispostos e a falar da vida deles como se nos conhecêssemos de longa data
·Ter aulas com pessoas de 10 nacionalidades diferentes, todos vindos dos mais diversos cursos, ser tratado e tratar os professores por tu
·Almoçar no comedor a partir das duas da tarde numa mesa cheia de colegas de casa (postre de fresa, como te echo de menos, torta de patata sigo odiándote)
·Ter que fazer a siesta pois toda a gente faz e está tudo fechado e não há nada para fazer
·Comprar pañuelos e galletas no Eroski
·Descer a rua e estar no centro da cidade, passear no meio daqueles monumentos todos da mesma cor
·O caminho desde a Calle Zamora, até à catedral
·Comprar um croissant acabado de fazer
·As letras douradas da Caja Duero
·As ruas cheias de gente, novos, velhos, famílias, solitários
·As ruas sempre com ambiente de festa, por mais normal que o dia fosse
·As velhotas de 99 anos e meio todas de casacos de pele
·O boneco verde animado dos semáforos
·Os churros con chocolate caliente!
·O chiar do elevador a chegar
·Jantar a partir das nove da noite e ser sempre o primeiro a chegar
·Ir à plaza à noite, toda iluminada esperar pelo pessoal
·As festas no Irish
·As músicas que passam nas discotecas
·Passar em frente à universidade antiga e ver sempre alguém de cabeça no ar à procura da rã, a qualquer hora do dia ou da noite
·Dos amigos que fiz
·De falar, escutar e escrever em espanhol
·De ver os chavales a comer porcarias a toda a hora, a vestir calças de fato-treino brancas e deliciados com a Fìsico-Químicaaaaaaaaaa
·Ouvir palavras como Isquére ou Uí-fí e “gozar” com os espanhóis por causa disso (Jeje)
·De ter saudades de cá por estar lá… (não sei explicar)


Enfim, podia-se resumir com um “estou bem, aonde não estou…” mas acho que prefiro “Sé que todo en esta vida pasará, y yo nunca cambiaré…”
Foi uma boa experiência que teve o seu tempo!

3 comentários:

elsies disse...

Não me arrependo nada de um dia te ter dito "vai para salamanca david! salamanca á tão fixe!", embora na altura teres ficado a olhar para mim com aquela típica expressão "medo" :D
Mas bom, esses sentimentos são perfeitamente naturais, se calhar ainda se agravam mais por já não estares na mesma covilhã, na covilhã da qual tinhas saudades em salamanca, enfim, tu percebes...
Tenta pensar que se calhar, se voltasses agora para salamanca, também já não seria a mesma coisa... quanto a isso, olha, essa frase que puseste aí no final, diz tudo! E é bem verdade :S

jonesforever disse...

Pois é, David, de certa maneira consigo concordar com a Elsa, as experiências de uma primeira vez num sítio diferente parecem-nos sempre bastante intensas, a causa será mesmo essa: por serem a primeira, tudo nos é novo e temos sempre tanto para descobrir que ficamos fascinados com a diversidade que parece haver há nossa volta, já para não falar que as pessoas são diferentes e os hábitos também, mais ainda se as coisas correrem bem e conseguirmos ficar com as melhores memórias de grande parte das situações vividas e que gostariamos de voltar a viver, penso que nesse aspecto, as coisas não se repetem do mesmo modo, tal como disse a Elsa, mas se voltarmos ao sítio onde fomos felizes, também concordo que possamos voltar a sê-lo, de uma maneira diferente, porque são sítios que sabemos que nos marcam sempre e que vamos sempre tirar situações de possível diversão deles; pela lista que fazes, consigo perceber que tinhas uma vida bastante movimentada e algumas dessas coisas é natural que não se repitam, já outras... afinal os sítios continuam lá, também depende um pouco de nós querer ir em busca das coisas que nos metem um sorriso!

Silverboy disse...

Acertaram os dois :|
É isso mesmo...